sábado, 19 de abril de 2008

Mulher invisível

Há exactos 145 anos, uma das primeiras manifestações por melhores condições de trabalho organizadas por operárias nos Estados Unidos acabou tragicamente. Mas a data, 8 de Março, felizmente não passou em branco. Serviu para marcar o Dia Internacional da Mulher e ilustrar uma história de muitas lutas e poucas comemorações.

Tudo começou quando 129 tece lãs resolveram cruzar os braços e interromper a produção na fábrica de tecidos Cotton, em Nova York. Reivindicavam uma jornada de trabalho de 10 horas e o direito à licença-maternidade numa época em que não existia nenhuma lei de protecção ao trabalhador e as condições de trabalho nas fábricas e indústrias eram mais do que precárias. A greve foi fortemente reprimida e as operárias morreram carbonizadas depois que a polícia e os proprietários resolveram trancar e incendiar a fábrica onde estavam refugiadas. A proposta de se instituir um Dia Internacional da Mulher é antiga. Em 1910, a líder comunista alemã Clara Zetkin defendeu no II Congresso Internacional de Mulheres Socialistas, realizado na Dinamarca, a criação de uma data para lembrar as trabalhadoras mortas no incêndio de 1857. Já no ano seguinte, em 1911, essa data foi lembrada quando um outro incêndio destruiu os três últimos andares da indústria têxtil Triangle Schirwaist Company (hoje um prédio da Universidade de Nova York), em Manhattan, matando 146 operários (125 mulheres e 21 homens).

Após o acidente, foi criada a Comissão Investigadora de Fábricas de Nova York e aprovadas várias legislações de protecção à saúde e à vida das trabalhadoras.

No entanto, para que finalmente o Dia Internacional da Mulher pudesse ser incluído no calendário oficial foram necessários mais 65 anos, muitas manifestações e a pressão da Organização das Nações Unidas (ONU).

Nenhum comentário: